Continuando a nossa história sobre o violão, conhecemos no artigo anterior os primórdios do violão, de onde ele veio, e agora vamos continuar nesse artigo com mais algumas curiosidades e histórias muito interessantes que você violonista, curiosos e estudiosos, não pode deixa de conferir, pois é muito interessante. Vamos lá! Confira!
A Evolução das Cordas do Violão
Se você toca ou está aprendendo a tocar violão, sabe quantas cordas ele possui atualmente, mas você sabe quantas cordas o violão tinha bem antigamente? Se você não sabe e ficou curioso, continue lendo para descobrir!
Antigamente era comum encontrar instrumentos com três, quatro ou cinco cordas. No século XV, o “violão de quatro cordas” tinha muita popularidade, mas já no século XVI, o violão de cinco cordas tomou o seu lugar e se tornou o instrumento predileto europeu.
É possível ter conhecimento do violão de cinco cordas, devido a uma gravura italiana datada no século quinze, onde o instrumento representando é igual em tamanho ao seu semelhante moderno. Com característica de luthiers italianos, sua caixa sonora era maior que o violão moderno, com uma construção refinada que chamava atenção.
O violão italiano possuía um modelo do instrumento chamado de “Guitarra Batente”. O mesmo sendo observado na frança com a “Rizzio Guitarre”, a afinação desse violão de cinco cordas era A–D–G–B–E, assim como o violão moderno.
Como passar do tempo o instrumento foi sofrendo alterações tais como: o corpo do instrumento foi aumentando e uma nova corda adicionada, sua afinação era a mesma do antigo violão com exceção da terceira corda, que era afinado meio tom abaixo.
A partir daí esse instrumento passa a ser reconhecido como Vihuela, que eram apenas violões de dimensões maiores, de seis cordas duplas feitas de tripa animal.
No século XVI o violão era denominado de três maneiras: Vihuela na Espanha, Rizzio Guitarre na França e Guitarra Batente na Itália. Na Alemanha é que se tem notícia da mais antiga publicação para violão de seis cordas.
Como Surgiu o Nome “Violão”?
Em muitos países de linguagem não portuguesa, o violão é conhecido como “guitarra”, isso tem haver com o idioma inglês (guitar), Francês (guitare), Alemão (gitarre), Italiano (chitarra) e espanhol (guitarra).
Isso também acontece com a viola portuguesa, que para nós aqui do Brasil equivale à viola caipira, devido as suas características muito parecidas com o violão, sendo apenas um pouco menor.
Quando os portugueses depararam com a “guitarra espanhola”, viram que suas características eram muito parecidas com a sua viola, então devido ao fato de sua viola ter características maiores, nomearam no aumentativo, tornando “Viola” em Violão. Daí surgiu o nome violão.
Hoje o nome “violão” faz parte do vocabulário brasileiro e designa de forma inequívoca o violão clássico. Tentaram unificar a nomenclatura de todas as línguas, sem sucesso, fazendo com que o termo “guitarra” voltasse a ser usado no Brasil.
Porém, o nome “guitarra” só retornou ao vocabulário brasileiro no século XX, para designar à versão eletrificada do violão. O termo guitarra clássica também acaba sendo alternativamente utilizada nas maiorias das vezes para designar os modelos de guitarras semi-acústicas do Jazz e Blues tradicional.
O Violão no Brasil
O primeiro instrumento de cordas a ser trago para o Brasil foi a viola de dez cordas ou cinco cordas duplas, pelos jesuítas portugueses, que foram usadas para catequisar os índios.
A primeira notícia sobre esse instrumento aqui no Brasil ocorreu no século XVII, em São Paulo. E em meados do século XIX, ocorreu a confusão entre viola e violão, quando a viola começou a ser utilizada com afinação própria do violão, ou seja, Lá, Ré, Sol, Si, Mi.
Pelo fato da viola ser o instrumento típico de interior do país, seu nome passou a ser viola caipira, como é conhecida atualmente, e a nomenclatura do violão que é mais característico de uso urbano, teve sua forma atual estabelecida no final do século XIX.
Nesse caso, o violão passou a se tornar o instrumento favorito para acompanhamento vocais, como no caso de modinhas e na música instrumental, acompanhando a flauta e o cavaquinho, formando a base de um conjunto de choro ou chorinho.
Pelo fato do violão ser muito usado na música popular brasileira e pelo povo em geral, começou a ter uma má fama, devido ao seresteiro, chorões, considerado por muitos um instrumento de boêmios, tornando-se um símbolo de vagabundagem e carregou este estigma por muitos anos.
Devido a essa descriminação e associação que o violão teve com o público brasileiro, as pessoas que tentaram desmistificar esse ranço pejorativo e discriminatório do violão, foram considerados heróis, pois estavam divulgando-o como instrumento sério.
Como é o caso do fundador da revista “O Violão”, Joaquim Santos ou Quincas Laranjeiras (1873-1935), um dos precursores do violão moderno no Brasil, considerado o “Pai do violão moderno”, que nos últimos anos de sua vida dedicou-se a ensinar a arte de tocar violão.
A maioria dos grandes violonistas brasileiros surgiu na cidade de São Paulo e no Rio de Janeiro, onde basicamente desenvolveu-se a história do violão no Brasil, com esses dois grandes eixos de expressão da arte brasileira.
O Brasil teve e tem sua própria safra de grandes violonistas, onde citarei mais tarde em outro artigo do blog.
O Violão na Música Popular e Erudita
O violão originou a música clássica ou erudita composta por obras escritas especialmente para tirar partido das suas possibilidades expressivas, geralmente prelúdios, sonatas e concertos, embora qualquer forma de composição musical possa ser utilizada por ele.
Nas maiorias das vezes o violão é tocado sem palhetas, às vezes com a utilização das unhas (normalmente da mão direita para destros), que devem estar bem polidas para um som mais perfeito.
Contudo, Francisco Tárrega (1852-1909), preconizou que o toque do violão deve ser tocado com a mão direita (destros) sem palheta com a parte “macia” dos dedos, ou seja, a unha não deveria ser utilizada.
O toque nas cordas pode ser feito sem apoio ou com apoio. Sendo que com apoio, o dedo, após ferir a corda, descansa na corda imediatamente acima.
A execução clássica mais frequente é de uma linha melódica tocada nas cordas agudas e linha de baixo, com escalas de arpejos tocados simultaneamente com a melodia principal, diferente da música popular.
Já para acompanhamento do canto na música popular, são utilizadas os violões clássicos, onde a execução frequentemente é harmônica, com acordes feitos com a mão esquerda e com os dedos da mão direita (para os destros), ou palheta, são realizados diversos tipos de ritmos, dedilhados, batidas ou arpejos.
Dependendo do gênero musical é permitido uma introdução com utilização de linhas melódicas e solos, ou até mesmo o tapping e a execução com harmônicos, por exemplo, que são técnicas mais elaboradas usada no Jazz.
Alguns estilos populares se ouve algumas distorções toleráveis, devido à amplificação do violão com o microfone dinâmico, que também permite o ajuste de tonalidade.